Apps de envelhecimento como Face App, e seus concorrentes trouxeram uma interessante discussão sobre dados pessoais, principalmente pela sua alta adesão.
Lançado há dois anos, e recentemente voltando com muita aderência por celebridades e meros mortais o Face App trouxe a divertida imagem envelhecida de seu usuário, todavia, o aplicativo russo alardeou todas as leis de proteção de dados pessoais em todas as partes do mundo.
O dono do app afirma que em 48h apaga de suas bases as informações e imagens coletadas. No Brasil o Procon já notificou e pede esclarecimentos já que a LGPD ainda não vigora, sorte deles ou azar nosso, ou do usuário
Há claras violações como a cláusula no regulamento uso do aplicativo que autoriza a empresa a coletar e compartilhar dados do consumidor sem explicar de que forma, por quanto tempo e como serão usados. Além disso, os termos de uso da ferramenta não são disponibilizados em língua portuguesa. (PROCON)
Segundo o Consumidor Moderno a russa Wireless Lab, desenvolvedora do aplicativo possui uma lista bem generosa de dados que serão coletados pela empresa em sua política de privacidade, que parecem bastante abusivos pois qual a necessidade de coletá-los? é estranho que esta empresa que tem outros apps use estas dados como também mencionados por Pedroso:
– Histórico de navegação
– Add-ons que tenhas instalado no browser
– “Outras informações de navegação” (não são especificadas quais tipos são)
– Endereço de IP
– Tipo de navegador (qual o navegador que o usuário tem mais costume de usar)
– Páginas visitadas na web
– Número de cliques em cada página web
– Links que o usuário clica
– Quais emails publicitários os usuários abrem (segmento de mercado, etc)
– Quais links dos emails os usuários clicam para serem redirecionados
– Identificador de dispositivo (para saber qual o equipamento está sendo utilizado)
– Localização atual
Um detalhe que chama a atenção é que o FaceApp diz que o usuário, ao instalar o serviço, concede “uma licença perpétua, irrevogável, não exclusiva, isenta de royalties, global, totalmente paga e transferível para usar, reproduzir, modificar, adaptar, publicar, traduzir, criar trabalhos derivados, distribuir, executar publicamente e exibir o Conteúdo do Usuário e qualquer nome, nome de usuário ou imagem fornecidos em conexão com o seu Conteúdo do Usuário em todos os formatos e canais de mídia agora conhecidos ou que venham a ser desenvolvidos no futuro, sem qualquer direito à remuneração para você”
Esses são os usos declarados, imaginem o quanto pode e poderia haver além dessas intenções, pois estamos numa esfera sem garantia da eficacia do app e de sua aderência as leis. De fato, existem milhares de apps que coletam dados, esse “é o da vez” mas cabe sempre um questionamento se o seu uso traz beneficio ou pode usar de um momento para usar os dados de pessoas inocentes futuramente.
Estamos na era da IA, e segundo MIT somente este app tem cerca de milhões de imagens em seu banco de dados desde o lançamento. A diretora da organização Coding Rights, Joana Varon, avalia que o uso do app traz uma série de riscos e viola o Artigo 11º do Marco Civil da Internet (Lei Nº 12.965). E considera que a política de privacidade do FaceApp muito permissiva, uma vez que não é possível saber quais dados serão utilizados, como e por quais tipos de empresas. Entretanto, ela acrescenta que certamente a empresa responsável e seus “parceiros” trabalham os registros reunidos para alimentar sistemas de reconhecimento facial, uma vez que o app gera um poderoso banco de dados que resultam em um problema grave, uma vez que as tecnologias de reconhecimento facial têm se mostrado abusivas, como nas aplicações de segurança pública.
Para Fábio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky, é possível que essas imagens acabem sendo empregadas em usos problemáticos. “Por utilizar inteligência artificial para fazer as modificações a partir do reconhecimento facial, a empresa dona do app pode vender essas fotos para empresas desse tipo, além desses dados facilmente caírem nas mãos dos cibercriminosos e serem utilizados para falsificar nossas identidades”.
Haverá muito debate ainda, mas cabe a cada um julgar de fato qual app deve usar e apostar seus dados pois não existe lei que te proteja se você apostar em tendências que não lhe trazem segurança e resolver expor os seus dados. E aí, acha que vale a pena apostar nestes apps?
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