Estudantes de administração preferem o ensino a distância

Dados do Censo da Educação Superior 2022, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam que nos últimos quatro anos a procura por cursos de graduação a distância tem aumentado significativamente. Em 2018, por exemplo, havia pouco mais de 1,3 milhão de ingressantes nessa modalidade. Já no ano passado, o Ensino a Distância (EaD) atingiu a marca histórica de mais de 3,1 milhões de novos alunos. Em contrapartida, o número de ingressantes em cursos presenciais vem diminuindo desde 2014, registrando apenas uma pequena alta de 2021 para 2022. 

A preferência pelos cursos a distância também foi notada nas áreas da Administração (bacharelado) e Gestão (tecnológico). De acordo com o levantamento, do total de 943.173 novos alunos, nos modelos presencial e a distância, 56,8% optaram pelos cursos de Gestão em EaD; enquanto 27,9% decidiram pelo bacharelado em Administração, também no ensino virtual. 

Segundo o administrador Taiguara de Freitas Langrafe, diretor de Relações Institucionais do Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP, a escolha pelo EaD se dá por diversos fatores, como conveniência, flexibilidade e customização. Porém, no Brasil, essa decisão tem sido tomada por conta da precificação dos cursos. “Em uma situação ideal, a escolha se daria de acordo com o estilo de aprendizagem do estudante”, explica.

Para Langrafe, o valor das mensalidades também impacta no crescimento do número de ingressantes nos cursos de Gestão EaD. Pelo fato de os cursos superiores tecnológicos terem menor duração, de dois a três anos, o investimento, consequentemente, também acaba sendo menor para o estudante. No entanto, ele ressalta a importância de avaliar o desenvolvimento destes alunos. “Recentemente, o ministro da Educação, Camilo Santana, disse que teremos revisão nos instrumentos de avaliação, com destaque para o monitoramento dos egressos”, comenta o administrador.

Entre as principais diferenças das modalidades de ensino superior, Langrafe aponta, no curso presencial, a vivência universitária e o desenvolvimento de competências pessoais. Já no EaD, a vantagem é a flexibilidade quanto aos horários de estudo que, a depender do momento de vida do estudante, é um atributo fundamental. “A escolha depende do indivíduo e das suas condições, de modo que ele tenha o melhor desenvolvimento de competências”, esclarece.

 

Enade 2022

Os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2022 também foram recentemente apresentados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Inep. Aplicado desde 2004, o Enade avalia a qualidade dos cursos, por intermédio dos desempenhos dos estudantes concluintes, a partir dos resultados obtidos no exame. 

Entre as 26 áreas avaliadas constavam os cursos de bacharelado em administração e administração pública, além dos cursos superiores de tecnologia da área, como gestão pública, gestão de recursos humanos, gestão financeira, logística, marketing, entre outros. 

De acordo com os dados divulgados, na prova de formação geral, composta por dez questões, sendo duas discursivas e oito de múltipla escolha, os alunos do bacharelado em administração acertaram 50,1%; já os discentes dos cursos tecnológicos acertaram 46,6%.

Na opinião de Langrafe, não há como afirmar se uma área foi bem ou mal em função do nível de acertos. Para ele, a dificuldade da prova deve ser levada em consideração. “Uma recomendação que faço a dirigentes e professores é avaliar o percentual de acertos por questão de seus estudantes e comparar com outras IES (Instituição de Ensino Superior) e médias regionais. Essa pode ser uma ótima forma de identificar lacunas ou parabenizar resultados acima da média. Lembrando que não é possível realizar comparação de acertos entre diferentes edições do Enade, ponto que está sendo revisado pelo INEP”, conclui o administrador.