De acordo com o levantamento “Demografia Médica no Brasil 2023”, produzido pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (UFMSP), são realizados por ano no Brasil mais de 600 milhões de consultas médicas.
Esse número corresponde a cerca de 3,13 consultas por habitante do país ao ano e 1.260 consultas ao ano por médico em atuação – ou 4,5 consultas por dia, considerando 280 dias úteis (excluindo finais de semana e feriados). Cada uma dessas consultas realizadas gera um prontuário médico, documento criado pelo profissional com informações sobre a saúde do paciente.
A Lei nº 13.787, de 2018, obriga médicos, clínicas e hospitais a manter prontuários médicos arquivados por, no mínimo, vinte anos, o que implicava na necessidade de ampliação de espaços físicos para a manutenção dos arquivos em papel e, consequentemente, provocava um aumento nos custos de aluguel.
No entanto, a mesma lei também trouxe regulamentações para a digitalização dos prontuários de pacientes, o que na prática, acabou solucionando o problema, pois normatizou o arquivamento desses documentos em meio eletrônico, permitindo que aqueles em papel sejam destruídos após sua digitalização.
Avanço na ciência de dados
Na avaliação do médico Felipe Crusius, COO do Clude Saúde, healthtech que oferece uma assinatura mensal que dá acesso a uma equipe multidisciplinar da área da saúde, apesar de os prontuários eletrônicos existirem há mais de 20 anos, o crescente avanço nas ciências de dados é o responsável pelas recentes inovações no que diz respeito à tecnologia da informação dentro da medicina.
Crusius destaca a importância da digitalização de prontuários médicos para a gestão eficiente de saúde. Entre as vantagens oferecidas por essa prática, o médico cita a maior facilidade e rapidez do acesso à informação clínica, a maior legibilidade dessa informação e sua interoperabilidade, ou seja, a possibilidade de ser compartilhada ou acessada por outros sistemas e serviços. “Essa digitalização também permite a padronização de condutas e o controle da qualidade dos atendimentos com base em automatizações.”
O COO do Clude Saúde acredita que os registros médicos eletrônicos, ou EMRs (electronic medical records), serão cada vez mais usados como base para indicadores assistenciais, ou seja, os dados dos prontuários eletrônicos de uma instituição deverão passar a sintetizar a atividade de assistência à saúde exercida por ela, “da mesma forma que o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício sintetizam aspectos da gestão financeira”. Com isso, segundo Crusius, será possível verificar quanto cada instituição é, de fato, boa em resolver problemas de saúde.
O resultado do cruzamento dos dados da performance assistencial de cada instituição com os dados de custo poderá ser vantajoso para instituições e também para pacientes. É o que Crusius prevê. “A tendência é que o sistema de saúde seja moldado de modo a considerar cada vez mais a relação de custo-eficácia, permitindo que excelência assistencial e baixo custo andem juntos”, conclui.
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