Pesquisa realizada pelo Nielsen Norman Group, em 2023, nos EUA, apontou que o uso da Inteligência Artificial (IA) aumenta em 66% a performance dos negócios. No mercado corporativo, gigantes como a Microsoft e a MRV Engenharia adotaram a tecnologia para agilizar processos internos de informação, bem como estabelecer contato com clientes e colaboradores.
Já no segmento de design, a IA chama atenção pela quantidade de recursos disponíveis para correção de textos e erros gramaticais, animação de imagens e edição de vídeos. Mas, ao contrário do que se imagina, tais ferramentas não vão substituir o trabalho humano, são apenas uma tecnologia de apoio cujo profissional precisa dominar para ter ciência do que a ferramenta oferece e também não ser visto como desatualizado. “O nosso conhecimento técnico e intelecto contam muito no resultado final”, explica a designer Eduarda Paternot, sócia-diretora da agência Cravo, no Rio de Janeiro.
Embora a IA possa ajudar na geração de ideias criativas com base em dados existentes, a capacidade de criar algo verdadeiramente original e inovador ainda é desafiadora para o sistema. A mente humana, com sua capacidade de pensar de forma abstrata e fazer conexões não convencionais, ainda não foi replicada pela IA.
Por isso, também no sentido criativo, não faz parte da realidade atual da agência Cravo, das designers Eduarda Paternot e Lilian Raco. Sem dúvida, a tecnologia é muito benéfica em vários setores, mas na agência é usada somente como apoio. “O trabalho que oferecemos é específico, feito de forma personalizada, logo, não cabe o seu uso”, afirma Eduarda.
Uma das principais barreiras para o uso, especialmente no mercado de design, são suas referências limitadas. Apesar do avanço, esses modelos são treinados com base em dados já existentes. Portanto, podem reproduzir, por exemplo, erros presentes nesses dados de referência. Além disso, a criação de conteúdo de alta qualidade requer um nível de habilidade e criatividade que essas máquinas ainda não conseguem reproduzir.
Como destaca Lilian, “não tem como nos beneficiarmos de um material que não é exclusivo. O que recebemos dessa tecnologia já foi utilizado de alguma forma, podemos estar barrando a inovação, porque não há nada de novo sendo feito”.
A coleta e uso de dados pela IA levantam questões éticas e de privacidade que precisam ser cuidadosamente gerenciadas. “Isso ainda abre discussão para um outro ponto crucial: o de propriedade intelectual. Além de estar copiando algo feito por outrem, entrando em risco a questão dos direitos autorais”, alerta Eduarda, que também é formada em Direito.
É importante, portanto, usar essas ferramentas de forma responsável e ética, sempre lembrando que a criatividade e a habilidade humana ainda são essenciais na criação de conteúdo significativo e de qualidade.
De fato, em alguns casos, a IA pode executar tarefas repetitivas e previsíveis com mais rapidez e eficiência do que um ser humano. Porém, ela ainda não pode substituir o lado criativo e artístico, essenciais no trabalho de design. A criatividade e a sensibilidade humana no design são características únicas e difíceis de serem replicadas por algoritmos. “Nosso compromisso é dar personalidade para marcas através de uma linguagem viva”, finalizam as sócias.