Nos últimos anos, as novas tecnologias têm desempenhado um papel significativo na transformação do cenário educacional. No entanto, segundo pesquisa TIC Educação 2022, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, 42% das escolas brasileiras de ensino fundamental e médio não possuem computadores e internet para os estudantes.
Diante disso, professores da Faculdade de Educação Paulistana (FAEP) ressaltam a importância das tecnologias nas novas formas de ensino e como elas devem reduzir a desigualdade social, gerando oportunidades para todos.
A professora e coordenadora dos cursos de licenciatura , Rosângela Reis, reflete sobre as mudanças ao longo das décadas. Relembrando os cursos por correspondência do Instituto Universal Brasileiro e os Telecursos transmitidos pela TV brasileira, ela destaca o crescimento explosivo da Internet nos anos 90 e o consequente boom da Educação a Distância (EaD). “Entre 2011 e 2021, o número de ingressantes em cursos superiores de graduação, na modalidade EaD, aumentou 474%, conforme pesquisa do INEP.”
Rosângela também ressalta a importância de professores explorarem as possibilidades tecnológicas, afinal, simplesmente transferir o modelo da aula tradicional não resultará em mudanças significativas. “Para um mesmo conteúdo, pode-se criar jogos, percursos de aprendizagem, vídeos, trabalho colaborativo, contemplando assim a diversidade de estilos de aprendizagem.” Sobre as tendências emergentes na tecnologia educacional, a coordenadora destaca a cultura maker, o pensamento computacional e a robótica para a educação básica como elementos moldadores do futuro da educação.
Kátia Cristina Marcolino, professora e coordenadora dos cursos de Tecnologia da FAEP, destaca o papel transformador da tecnologia na superação das barreiras de acesso à educação em regiões remotas ou desfavorecidas. “A educação através da tecnologia pode proporcionar novas formas de educar e aprender, de conhecer outros povos e outras culturas. Com ferramentas de realidade aumentada e realidade virtual, é capaz de levar o aluno a lugares inimagináveis, como uma viagem pelo corpo humano, por exemplo.” No entanto, ela alerta para a necessidade de garantir a igualdade no acesso às tecnologias, para que regiões menos favorecidas não fiquem excluídas das oportunidades oferecidas pela revolução digital.
A coordenadora de T.I ainda destaca o papel crucial dos professores no ensino de cidadania digital. Ela enfatiza a importância de capacitar os alunos para identificar ameaças à privacidade, reconhecer fake news e utilizar tecnologias de forma ética.
Ao ser questionada sobre como a tecnologia pode melhorar a colaboração entre professores, alunos e pais, Kátia destaca seu potencial para criar um ambiente colaborativo de troca de informações e experiências. Ela menciona a formação de comunidades virtuais, o uso de ferramentas de comunicação, como e-mail, e a criação de portais para que os pais possam acompanhar o desempenho dos filhos. Ela aponta algumas das ferramentas e plataformas que estão tendo um impacto significativo na educação, como Google Classroom, Microsoft Teams e Zoom, que promovem a interação entre professores e alunos. Ela também menciona a crescente utilização de realidade aumentada, realidade virtual e inteligência artificial para enriquecer a experiência educacional.
Ao discutir como a pandemia de COVID-19 acelerou a adoção e evolução da tecnologia educacional, Kátia observa que a necessidade de adaptação levou a uma rápida incorporação de ferramentas tecnológicas, embora reconheça a falta de igualdade de acesso. “A educação foi forçada a dar seus primeiros passos em um caminho sem volta, de mãos dadas com a tecnologia”, afirma a professora.
Adilson Ferreira, professor e coordenador dos cursos de Gestão da FAEP, enfatiza a importância das metodologias ativas das tecnologias educacionais, colocando os alunos como protagonistas do seu aprendizado, incentivando a exploração, construção do conhecimento e a resolução de problemas reais. Ele destaca casos inspiradores de escolas que transformaram a educação por meio da tecnologia, mencionando o ecossistema da Google, com ferramentas como o Google Sala de Aula, Jamboard e Google Meet, além das ferramentas de produtividade. “Escolas mais privilegiadas utilizam Chromebooks e tablets para facilitar o processo de ensino e aprendizagem.”
O professor identifica desafios enfrentados pelos educadores ao usar a tecnologia em suas práticas pedagógicas. A formação dos docentes, a distração dos alunos, a insegurança dos professores, a falta de infraestrutura adequada e a avaliação de impactos são pontos cruciais. Adilson destaca a importância da formação continuada dos professores para superar desafios e promover a inovação educacional.
Elifas Fernandes Gorgonho Farias, professor de Ensino Superior e CEO da Matita Tecnologia Educacional, compartilha sua visão otimista sobre o futuro da tecnologia educacional. Segundo Farias, a personalização do ensino possibilita um diagnóstico mais rápido por parte dos professores. Com o auxílio de ferramentas tecnológicas avançadas, os educadores podem identificar as necessidades individuais dos alunos e aplicar ajustes específicos, mantendo as turmas cada vez mais engajadas e motivadas.
Quando questionado sobre a possibilidade de manter um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e as interações humanas na educação, Elifas reforça a importância de alinhar o conceito de tecnologia, ressaltando que ela vai além dos dispositivos eletrônicos, incluindo também elementos tradicionais, como a lousa com giz. O professor enfatiza o entusiasmo com o uso da tecnologia para ampliar interações humanas, simplificar a comunicação entre alunos e professores, e proporcionar inúmeras possibilidades educacionais.
Quanto ao papel dos pais no apoio ao uso responsável, saudável e ético da tecnologia pelos alunos, Elifas enfatiza a necessidade de os pais acompanharem e orientarem seus filhos, assemelhando esse acompanhamento ao que é feito em outras áreas da vida.
Portanto, tecnologia na educação exige adaptação e diversidade de métodos, superação dos desafios envolvendo igualdade de acesso e formação contínua. Tudo isso a partir de um equilíbrio entre interações humanas e inovações tecnológicas.