As novas regras aprovadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) no dia 20 de setembro prometem mudanças para a certificação de aeroportos no Brasil. A principal alteração diz respeito à Certificação OACI (Operacional de Aeroportos no padrão da Organização Internacional da Aviação Civil), que passará a ser cobrada pelo órgão para terminais internacionais e aeroportos selecionados com base em uma análise de risco.
Até então, a OACI era necessária para todos os terminais com voos regulares. O último aeroporto a receber a chancela foi o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, o 63º aeródromo certificado pela Anac. Segundo uma publicação do Estadão Conteúdo, espera-se que o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, seja contemplado com o selo ainda em 2022. Desse modo, 92% do fluxo da movimentação doméstica vai ocorrer em aeroportos certificados.
A recente atualização estava na agenda da Anac, que considerava a regra anterior como defasada, desde o ano de 2020. Na análise de Lucas Cortez, key account manager da Advantech, as novas regras para certificação de operação de aeroportos brasileiros aprovada recentemente mitigam as questões nas quais as anteriores, consideradas defasadas, atrasavam a expansão da aviação regional.
“Agora, caso o aeroporto não se enquadre na classificação especificada pela Anac, deverá cumprir elementos mínimos de segurança operacional e infraestrutura”, afirma. “Para aeroportos internacionais ou aeroportos selecionados com base em análise de risco, a certificação passará a ser exigida”, completa.
Cortez avalia de forma positiva as medidas tomadas pelos órgãos competentes para a modernização dos aeroportos no país. “A concessão à iniciativa privada pode ajudar, visto que, através da concessão de aeroportos nacionais, investimentos volumosos serão atraídos para ampliar, modernizar e melhorar a estrutura aeroportuária brasileira”.
Consequentemente, prossegue, serão promovidas melhorias com foco na experiência e segurança dos usuários deste modal.
“Com esta onda, iniciativas tecnológicas alinhadas com a revolução digital, como IoT (Internet of Things, na sigla em inglês – Internet das coisas, em português) serão amplamente consideradas para um aumento de eficiência e controle operacional, não somente voltado para as operações, mas para modernização do parque como um todo”, diz.
Os aeroportos de Guarulhos e Congonhas, em São Paulo, estão entre os cinco mais movimentados da América Latina e Caribe, atrás da Cidade do México (México), Bogotá (Colômbia) e Cancún (México), de acordo com um balanço realizado pela Alta (Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo). Os dois terminais aeroportuários movimentaram 1,45 milhões e 1,2 milhões de passageiros em junho, respectivamente, conforme divulgado pelo Ministério do Turismo.
O Brasil tem 2.463 aeroportos e aeródromos registrados pela Anac, sendo 1.806 privados e 657 públicos, como mostra uma publicação da Secretaria de Aviação Civil.
Investimentos favorecem iniciativas tecnológicas
Segundo Cortez, com o aumento de investimentos com foco em modernização e infraestrutura em aeroportos, diversas iniciativas tecnológicas podem trazer benefícios para todas as partes, desde companhias, funcionários e principalmente para a melhorar a experiência dos passageiros e usuários.
“A modernização de infraestrutura de TI e comunicações (Digital Signage), por exemplo, podem trazer mais agilidade, confiabilidade e qualidade nos serviços de conectividade, informações a passageiros e gestão de dados, trazendo, além de otimização de processos, uma melhor experiência ao cliente”, afirma.
Ainda dentro desse contexto, acrescenta, a inteligência artificial e visão computacional, aliadas à sistema de CFTV (Circuito Fechado de TV), potencializam as análises inteligentes de imagens, tornando-se, assim, tendência para auxiliar no aumento da segurança dos passageiros e funcionários através de monitoramento, reconhecimento facial, identificação de atitudes suspeitas, até análise profunda de imagens e identificação (Raio X) de objetos suspeitos em bagagens.
O key account manager da Advantech também destaca que o aprimoramento do autoatendimento, integrado com tecnologia de ponta, traz maior agilidade nos processos, redução de gargalo e, por fim, uma experiência mais enriquecedora e ágil aos passageiros.
“Para as concessões, soluções IoT para controle de ativos e monitoramento – como hidrômetros, energia, saúde de máquinas e motores, trazem maior controle da situação geral do parque”, explica Cortez.
Dessa forma, avança, os gestores podem tomar decisões mais assertivas para redução de custos e realização de melhorias na infraestrutura. “Através da rede LORAWAN, por exemplo, dedicada para aplicações de IoT com alto alcance de comunicação e baixo consumo de energia, os aeroportos podem coletar diversos dados e tratá-los de maneira estratégica para trazer diferenciais competitivos”, diz ele.
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