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Continuando a Saga – Comunicando dados com Eficiência – Parte II
Vamos falar de Design Centrado no Usuário. Quando projetamos uma interface digital, uma tela, temos que ter em mente que humanos irão utilizá-las, certo? Vocês, já pararam pra pensar como o ser humano interage com as coisas?
Segundo Donald Norman em “Design Emocional” as coisas nos influenciam emocionalmente de 3 formas, sendo:
Design Visceral > Aparência
Design Comportamental > Prazer e efetividade no uso
Design Reflexivo > Autoimagem, satisfação pessoal, lembranças
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O desafio do designer é consolidar em uma solução o trabalho de um grupo de pessoas (diretores, comerciais, arquitetos de solução, desenvolvedores, analistas de negócio, gerentes de projeto, scrum masters e etc) e cumprir os 3 aspectos emocionais do design citados acima na solução final.
DICA DE OURO! NUNCA, REPITO. NUNCA, PERGUNTE AO USUÁRIO FINAL COMO ELE QUER VISUALMENTE O DASH…. muito provavelmente ele irá pedir, Cockpits de Avião, Painéis de Ferrari, Gráficos de Pizza, Gauges, Reloginhos, Fogos de Artifício e etc. Isso vai satisfazê-lo na parte visceral, mas como as visualizações não serão muito efetivas comprometerá as partes comportamental e reflexiva.
Passo 1 – Como alinhar expectativa?
Ao consolidar as entrevistas sugeridas no artigo Comunicando dados com eficiência você saberá coisas importantíssimas sobre jornada de análise, perfil (executivo, tático ou operacional) e questões qualitativas comportamentais, como por exemplo a familiaridade com ferramentas de BI da pessoa ou grupo. Dessa forma você pode montar uma apresentação da ferramenta e BI para que todos estejam na mesma página sobre as limitações visuais e boas práticas que serão executadas no projeto. IMPORTANTE: tenha sempre um advogado do diabo (desenvolvedor) com você para realmente se chegar ao melhor consenso no planejamento.
A citação que eu mais gosto nesse momento e é sempre o meu primeiro slide é:
“THE PURPOSE OF VISUALIZATION IS INSIGHT, NOT PICTURES.”
Ben Shneiderman
Passo 2 – Protótipo e Feedback
Eba, vamos aos desenhos? Calma, aqui vai uma sugestão muito valiosa. Se prepare com uma biblioteca de componentes em XD, Sketch e etc… Copie os estilos dos gráficos, filtros, botões e tabelas da ferramenta que irá utilizar no projeto, isso criará um uma primeira impressão mais próxima da realidade.
Eu gosto de fazer 2 fases de prototipação. A primeira em escala de cinza e a segunda com o branding aplicado. Por que eu faço isso? Porque se nós levarmos um layout com cores nos gráficos as pessoas tendem a comentar sobre o visual ao invés das funções e insights. Quando conseguimos fechar o storytelling, organização, filtros fica mais fácil fazer o Hand-Off gabaritado pro time de DEV.
Obtenha o máximo de feedbacks de quem vai usar, evite pegar pessoas intermediárias que “sabem” o que o chefe quer. Esse tipo de validação costuma complicar projetos fáceis. É melhor demorar mais para projetar com os feedbacks certos do que entregar rápido com menos valor.
Entenda o modelo mental!
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São nessas etapas de validações que validamos o modelo mental da pessoa ou grupo de pessoas. É muito importante nesse momento detectar a transformação do verbo “ver”. Quando a pessoa diz “Agora estou vendo!”, quer dizer que você chegou lá! A tradução do modelo mental na tela faz com que a pessoa entenda na velocidade do olhar e que codificamos valores quantitativos em representações visuais entendíveis instantaneamente.
Passo 3 – Lean UX
Meu objetivo como consultor de Information Design é deixar a mensagem de que o processo nunca acaba. A melhoria contínua depende de uma pequena característica organizacional pouco explorada e que hoje está na moda. A maturidade de Design.
Dashboards, geralmente, são criados para monitorar problemas e com o acompanhamento dos KPIs, muitas vezes esses problemas são resolvidos e/ou minimizados, fazendo que ao longo do tempo, partes de uma interface de negócio tornem-se menos relevantes. Esse é o motivo que muitos e muitos dashboards se tornam obsoletos nas empresas, não há feedback contínuo.
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Esse ano eu senti uma melhora muito grande nessa percepção no mundo interno das empresas, acho que algumas sementes plantadas começaram a dar frutos e o desafio é sempre convencer o alto escalão da importância da co-criação e participação nos processos de Design. Esse tipo de exemplo contamina os departamentos e todo mundo ganha.
João Paulo Critis, especialista em UX & Datavisualization
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