A Vale inaugurou nesta quinta-feira, 10/1, em Vitória, o Centro de Inteligência Artificial (AI Center). No espaço, serão desenvolvidas e monitoradas as iniciativas de unidades da empresa em vários países com essa tecnologia.
Segundo a empresa, os projetos que já foram entregues com recursos de IA geraram uma economia de mais de R$ 74 milhões por ano. A previsão é obter mais R$ 136 milhões de benefício com outras iniciativas em andamento.
A economia é obtida com otimização da manutenção de ativos (de caminhões fora de estrada a trilhos de ferrovia), melhoria na gestão dos processos de usinas de beneficiamento de minério e de pelotização e aperfeiçoamento de controles ambientais, de saúde e segurança e de integridade corporativa.
“O AI Center favorece a integração e a colaboração intensas entre os responsáveis pelos diferentes projetos. Com a criação do AI Center, os profissionais poderão trocar experiências e conhecimento, fundamentais para aumentar a sinergia entre as equipes e gerar resultados em escala global. Muito do que é criado para um projeto pode ser aplicado em outro”, relata Hélio Mosquim, gerente-executivo de inovação em TI,.
O centro está localizado na Unidade Tubarão, em Vitória, em uma área de 14 km2 que inclui oito usinas de pelotização, o centro operacional da Estrada de Ferro Vitória Minas e quatro terminais portuários.
A Vale conta com cerca de 50 profissionais, entre cientistas e engenheiros de dados e especialistas de negócios, dedicados exclusivamente a projetos de inteligência artificial. Destes, 15 ficam alocados no AI Center.
Atualmente, as equipes da Vale trabalham em 13 linhas de projetos com IA, que são executados em conjunto com as áreas de negócio da empresa: ferrosos, metais básicos, carvão e áreas corporativas.
“A inteligência artificial tem potencial de gerar valor para todas as áreas de negócio da Vale. É mais um importante passo no programa de transformação digital que estamos implantando, que tem o objetivo de aumentar a produtividade e a eficiência operacional, alcançar os melhores índices de saúde e segurança, melhorar nossa performance financeira e impulsionar a inovação”, afirma Afzal Jessa, diretor de transformação digital.
O AI Center será responsável por dar suporte a milhares de ativos da Vale em todo o mundo
Hoje, uma das iniciativas em produção é focada na prevenção de fratura de trilhos. Desenvolvido na Estrada de Ferro Carajás (EFC), o projeto busca prever essa ocorrência, que acontece com maior frequência e que é considerada a mais grave para o funcionamento da operação.
A partir dos dados gerados pelas ferrovias, foi encontrada uma solução que identifica se há uma ou mais fraturas em um determinado trecho.
O grupo de IA também trabalha na manutenção de rodeiros de trem. Um conjunto de sensores instalados ao lado da ferrovia – os waysides – monitoram desgastes e impacto dos rodeiros (conjunto de rodas e eixo dos trens), temperatura e ruído de rolamentos e deslocamentos de truque (uma peça importante do vagão).
Cruzando os dados gerados por esses sensores com informações de outros sistemas, foram criados modelos matemáticos que permitem à equipe de manutenção uma visão do comportamento dos rodeiros para os 30 dias seguintes.
A partir das informações, a equipe consegue planejar a compra e manutenção dos ativos de forma a estender sua vida útil. Em um ano, o programa gerou economia de R$ 2,3 milhões – cerca de dez vezes o valor investido na sua execução.
Para manutenção de ativos de mina, são coletados os dados gerados por equipamentos de mina (como caminhões fora de estrada, escavadeiras e carregadeiras) e são aplicadas as técnicas de IA. Um dos projetos pioneiros foi na mina de Salobo, no Pará, em que a vida útil dos pneus de caminhões fora de estrada aumentou em cerca de 30% em um ano.
Outro projeto contempla o aumento de vida útil e prevenção de falha prematura do trem de força de caminhões fora de estrada e de outros ativos móveis da mina, como carregadeiras e escavadeiras.
O trem de força é o conjunto de componentes formado por motor, transmissão, conversor de torque, diferencial, eixos e comandos finais nas rodas. Esse projeto é um dos que têm maior alcance, com o envolvimento de 15 operações no Brasil, Canadá e Moçambique.
Hoje, 60% dos caminhões fora de estrada da empresa já utilizam este sistema. O potencial aprovado de economia é de mais de R$ 10 milhões.
Na área de redução de consumo de combustível, Os cientistas de dados atuaram em parceria com as áreas operacionais da Vale e pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, para desenvolver um sistema para redução de combustíveis de caminhões fora de estrada.
O projeto foi testado em Minas Gerais e apresentou potencial de redução de consumo de diesel no valor de R$ 1,5 milhão por ano.
Para otimização de processos na pelotização, os dados gerados no processo de produção de pelotas (pequenos aglomerados de minério de ferro usados na indústria siderúrgica) foram analisados com técnicas de IA para criar recomendações para as condições ideais de operação das usinas do setor.
O grupo também realiza análise de dados para evitar incidentes de segurança. Iniciado em 2017, o projeto realizado em parceria com a área de Saúde e Segurança analisa o perfil demográfico de empregados para avaliar quais estão mais expostos a riscos de acidentes.
A partir disso, os dados gerados são combinados com históricos de acidentes, quase-acidentes e condições inseguras das localidades. Assim, o sistema calcula a probabilidade de determinada área ter um incidente em um período de tempo específico – por exemplo, em uma semana – bem como o seu risco atual.
Fonte: https://www.baguete.com.br/noticias/10/01/2019/vale-cria-centro-de-inteligencia-artificial
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